29 de março de 2007

26 de março de 2007

Momento poético

...
Ainda mais triste é não ter inimigos.
Porque quem não tem inimigos,
É sinal que não tem:
Nem talento que faça sombra,
Nem carácter que impressione,
Nem coragem para que o temam,
Nem honra contra qual murmurem,
Nem bens que lhe cobicem,
Nem coisa alguma que invejem.

(Voltaire)

23 de março de 2007

A insustentável atracção do "novo"

Em algumas das diversas conversas que tenho tido sobre a proposta de Carta Educativa, surgiu, como crítica, a falta de previsão da construção de novos edifícios.
Compreendo a crítica: é a atracção do “novo”; é o imediatismo do o que é novo é melhor. Compreendo.
Compreendo… mas não concordo!
De facto, o que nos deve preocupar são as efectivas condições para a aprendizagem das crianças. Se não for possível conseguir as desejáveis condições requalificando e ampliando o edificado, pois que se construa de raiz. É o que acontece na Freguesia de Fornos de Maceira Dão, onde, por impossibilidade de ampliação de qualquer das estruturas actuais, se preconiza a construção de um novo edifício.

É preciso perceber que a opção pela construção de novos edifícios implica despesas acrescidas. Desde logo, ao nível da própria construção em si mesma. Uma coisa é reconstruir, ampliar e requalificar, com base em projectos e cadernos de encargos exigentes, e outra é construir tudo de novo. A diferença de custos é enorme. E nem sequer estou a incluir o valor dos terrenos…
Vejamos, por exemplo, o caso do 1º Ciclo na Cidade de Mangualde:
São 439 alunos em 20 turmas, distribuídas pelo Colégio e pela Carvalha.
Quanto custaria construir uma escola nova para estas 20 turmas? Meio milhão de contos? E o terreno?
Há quem diga que o QREN vai disponibilizar verbas. Fala-se em comparticipações que poderão atingir os 75%. Fala-se… mas nada está definido. Mas, ainda que esta hipótese se venha a confirmar, ainda faltarão os restantes 25% que continuam a ser muito dinheiro.

Mas há outra questão:
Nessa situação, o que iria acontecer aos edifícios abandonados?
Vendem-se?
Vende-se a escola da Carvalha?
Não me parece. Já apareceram compradores para outras escolas, entretanto encerradas, bem menos emblemáticas que esta e… as populações sempre se opuseram…

Então?
Ficam ao abandono degradando-se inexoravelmente?
Também não me parece…

Ou seja, a construção de novos edifícios não evita despesas de conservação das escolas encerradas. É o que tem vindo a acontecer pelo concelho fora.
Isto é, construir novos edifícios implica duas despesas: construir os novos e manter os velhos!!!

E assim volto ao princípio:
O que interessa é criar todas as condições para que os nossos alunos possam realizar aprendizagens com qualidade. Se isso for compatível com a requalificação do edificado, tanto melhor.

Como exercício intelectual, imagine-se o que representaria requalificar o edifício principal do Colégio mantendo-o ao serviço daquilo que fez a sua história: a Educação…

21 de março de 2007

Dia da Floresta

Dia da Floresta - MangualdeA plantação de dezenas de árvores na avenida Montes Hermínios é um gesto carregado de simbolismo, sobretudo no momento em que se celebra o Dia Mundial da Floresta.
Árvores de espécies aconselhadas pelos técnicos especialistas e meticulosamente colocadas nos locais adequados.

Dia da Floresta - Mangualde
Mangualde juntou-se nesta iniciativa a vários concelhos igualmente empenhados na arborização do seu território, nomeadamente o urbano.

Espera-se que, ao contrário do ano anterior no Parque dos Poetas, não lhes venha a faltar o sal a água e, assim, possam manter-se belas e vigorosas durante muitos e muitos anos.

15 de março de 2007

O mundo não pára

No artigo anterior levantaram-se algumas vozes na defesa do comércio tradicional como se este estivesse em perigo pela eventual próxima instalação em Mangualde de dois hipermercados. Acho que não têm razão.
Há já muito tempo que o comércio tradicional mangualdense enfrenta a concorrência de grandes superfícies.
De facto, ter uma grande superfície em Mangualde ou em Viseu é – ao ritmo em que vivemos – praticamente a mesma coisa. Fazer 16 quilómetros para ir às compras a Viseu tornou-se absolutamente banal. E até mesmo aqueles que lá não vão, não deixarão de se sentirem atraídos pelos “nossos” Pingo Doce e Lidl.
Ou seja: a concorrência ao comércio tradicional não é questão nova. É uma realidade que este enfrenta há já muito tempo.
Aquele que conseguiu distinguir-se da impessoalidade das grandes superfícies e do, geralmente insuficiente, apoio após venda, conseguiu fidelizar clientes. E estes não irão deixar de o ser por abrir mais este ou aquele estabelecimento. Os outros…

Mas esta questão leva-me a aflorar outra vertente do mesmo problema: a da evolução da sociedade.

O que é que hoje se considera "comércio tradicional"?
Os supermercados? As lojas de pronto-a-vestir? As outras lojas de pequena dimensão?
Mas estas, na época em que surgiram e se instalaram, não vieram pôr em perigo as então tradicionais actividades?
Por exemplo, os supermercados não vieram fazer concorrência às antigas mercearias de que tão bem me lembro?
Os antigos latoeiros, cesteiros, marceneiros e outros artesãos não foram constrangidos pela oferta de produtos inovadores nas novas lojas comerciais?
O pronto-a-vestir não veio abalar os antigos alfaiates, costureiras e modistas?
...
Meus senhores… o mundo não pára.
...
Imagine-se agora que em tempos, paternalmente, se tinham imposto limitações à abertura destas lojas que hoje constituem o comércio tradicional?
Como seria hoje o mundo?
Estariam os cidadãos mais felizes? Teriam à sua disposição a mesma variedade de produtos? Beneficiariam de melhores preços?
...
Ainda hoje subsistem alfaiates, aos quais vamos quando pretendemos um fato que vista especialmente bem. É o critério da qualidade. O critério do preço, neste caso, desvaloriza-se.
Da forma semelhante, também os diversos sectores do comércio terão de encontrar o seu critério para fidelizar clientes. Ninguém o fará por eles…

Por mim, desde que o comércio tradicional tenha o que procuro, continuarei cliente.

12 de março de 2007

Hipermercados

Num comentário a um artigo anterior, escreveu o Dr. Nóbrega:
Haverá espaço em Mangualde para um Feira Nova, um Lidl, Um Inter ou Ecomarché, um Modelo e um Plus? (1)

Ora aqui está uma perspectiva muito interessante.
Interessante porquê?
Porque espelha a concepção de um Estado interventor na esfera privada. Um Estado que se preocupa com a viabilidade dos negócios dos privados. Um Estado que estabelece áreas – não só geográficas – de influência de um determinado agente económico. Um Estado, portanto, a meio caminho entre o paternalismo, o corporativismo e o socialismo.
Bom, já tivemos mais implantada esta concepção de Estado do que hoje.
Durante o Estado Novo era mesmo assim. Depois, na sequência do PREC, foi muito mais assim. Muito mais! Tanto mais que até passámos a ter empresas nacionalizadas – “nossas”!
Hoje, essa concepção de Estado está mais esbatida, mas persistem alguns sinais. O caso das farmácias é emblemático e é de todos conhecido. Ainda existem limitações explícitas à abertura de novas farmácias. Se numa determinada área já houver x por habitante… 'nicles'!
Quem é que sai beneficiado prejudicado? … Pois é… é o cidadão!

O caso dos hipermercados é muito semelhante.
É preciso todo um complexo e moroso processo instruído junto do – pasme-se – Ministério da Economia (!). Não basta que o investidor se dirija ao município, manifeste a intenção de instalar uma unidade, apresente o respectivo estudo prévio e aguarde a decisão. Isso é que era belo…

Repudio em absoluto esta concepção socialista de Estado!

Ao Estado não compete dificultar a iniciativa privada.
Nesta matéria, o Estado deve, isso sim, garantir que sejam respeitados os princípios da livre concorrência e, assim, contribuir para que os cidadãos beneficiem de melhores preços e melhores condições.

Ora, tendo em conta que os Municípios são “Estado”, tudo o que defendo para o central, defendo para o local.

Uma lógica semelhante a esta é a “lógica dos planos”, igualmente referida por alguns comentadores.
Esta lógica radica – embora muitos não se dêem conta - naquele extraordinário paradigma que originou o êxito retumbante dos célebres planos quinquenais, mormente dos soviéticos.
De uma planificação rigorosamente cumprida resultará, inevitavelmente, o Progresso! Por isso temos de ter planos para tudo – director, de urbanização, de pormenor, educativo, social… – e temos de os cumprir a todo o custo! Inflexivelmente!

Recuso igualmente esta concepção!

Um plano, um projecto, seja ele qual for, nunca consegue prever, em todas as vertentes, todas as evoluções que o tempo, entre outros factores, se encarrega de produzir. Por mais bem alicerçado e fundamentado que um plano seja, surgirá sempre algum elemento que não estava – nem poderia estar – previsto.
Por isso, aquilo que os planos têm de melhor – e acho que se devem fazer planos – é a possibilidade de se poderem alterar sempre que se ache necessário.

Vejamos o caso dos terrenos para a Citroën:
O plano existia e existe. É o Plano Director Municipal. E o PDM preconizava uma determinada utilização dos solos que, veio a saber-se mais tarde, ficou desactualizada. O que é que se reclamou? A alteração do plano, naturalmente - (que afinal nem era / nem é necessária) !

Imaginemos agora que existia um plano de pormenor, ou de urbanização, ou uma coisa com outro nome qualquer, para a Avenida Conde D. Henrique. Imagine-se que esse plano previa a edificação de blocos habitacionais (dificilmente previria um hipermercado). Subitamente surge a iniciativa da Sonae:

- Bom, nós pretendemos construir aqui um hipermercado que absorverá 110 postos de trabalho na primeira fase. Estão interessados?
- Ah… pois… era muito interessante, mas… o nosso plano não contempla essa utilização para aquela zona. Não podem escolher outro local?
- Não. Sabem, antes de vir para aqui já estudámos o assunto e só estamos interessados naquele local.
- Pois é. Que pena. Podem dar-nos um tempo para alterar o nosso plano?
- Não. Precisamos de decidir já. Boa tarde. Vamos ver num concelho vizinho!
...
Recuso liminarmente este cenário de inflexibilidade dos planos.

Numa situação destas a única postura do Município tem de ser a da negociação de condições que garantam a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos: a fluidez do tráfego… o estacionamento… os índices de construção… até mesmo as questões arquitecturais… tudo aspectos que, como consta do parecer dos Serviços Técnicos, foram devidamente acautelados, não fazendo sentido trazê-los à colação como foram.

E, naturalmente, perante uma questão como esta, ou se é a favor… ou se é contra!
Abstenção???

(1) O Plus foi chumbado no meio do tenebroso processo...

11 de março de 2007

Simulacro


Percebo pouco disto, mas fiquei com a sensação que os serviços reagiram com prontidão e competência.
E dizia-me um bombeiro amigo: "Quando isto é a sério, corre sempre melhor".

9 de março de 2007

Política "a sério"

Da acta da reunião da Câmara Municipal de Mangualde 21/02/2007 consta:

Foi presente um ofício da Direcção Regional da Economia do Centro, de acordo com o disposto na alínea b) do n.º 2, do artigo 11.º e no artigo 12.º, da Lei n.º 12/2004, de 30 de Março, solicitando a emissão de parecer para efeitos de aprovação de localização relativa ao pedido de autorização de instalação de estabelecimento de comércio a retalho não alimentar de electrodomésticos, outros equipamentos para o lar e electrónica de consumo, da insígnia “Worten”, integrada no hipermercado “Modelo”, que Modelo Continente, S.G.P.S. pretende levar a efeito no cruzamento da Avenida Conde D. Henrique com a Rua Viriato, em Mangualde.
Relativamente ao solicitado, o Chefe da Divisão de Informação Geográfica e Planeamento Urbano emitiu a seguinte informação:
“Tendo estes Serviços emitido parecer favorável quanto à localização da totalidade da área de implantação e construção do empreendimento na qual esta pretensão se inclui, também agora se emite parecer favorável nas mesmas condições.
À consideração superior.”
De acordo com a presente informação emitida pelo Chefe da Divisão de Informação Geográfica e Planeamento Urbano, a Câmara deliberou emitir parecer favorável relativamente á localização referente ao pedido de autorização de instalação de estabelecimento de comércio a retalho não alimentar de electrodomésticos, outros equipamentos para o lar e electrónica de consumo, da insígnia “Worten”, integrada no hipermercado “Modelo”, que Modelo Continente, S.G.P.S. pretende levar a efeito no cruzamento da Avenida Conde D. Henrique com a Rua Viriato, em Mangualde.
Abstiveram-se nesta deliberação os Senhores Vereadores eleitos pela lista do Partido Socialista, Dr. João Azevedo, Dr. Luís Coimbra e Dr.ª Palmira Vaz, e ainda o senhor Vereador Dr. António Silva, eleito pela lista do Partido Social Democrata..
Votaram a favor nesta deliberação a Senhora Vereadora Dr.ª Sara Vermelho e o Senhor Presidente da Câmara.

Pode perguntar-se: "O que é que isto tem de especial?"

A votação! Aprovado com 4 abstenções e 2 votos a favor!

Percebe-se bem que o Presidente Soares Marques e a Vereadora Sara Vermelho entendem que a abertura de uma loja Worten – integrada num hipermercado Modelo-Continente – é benéfica para Mangualde e para os Mangualdenses. Em conformidade, votaram a favor.
E os outros vereadores?
Também entenderão que a abertura da loja é benéfica para Mangualde e para os Mangualdenses?
Não! Se assim fosse teriam votado a favor!
Então entenderão que a abertura da loja é prejudicial para Mangualde e para os Mangualdenses?
Também não! Se assim fosse teriam votado contra!

Só resta uma hipótese: é-lhes indiferente!

Será que isto é que é a “política”?

7 de março de 2007

Estatuto editorial (again)

Nos últimos artigos, alguns comentadores insurgiram-se a propósito de determinada linguagem utilizada por outros comentadores.
Pois…

Em tempos que já lá vão submeti este blog ao regime da moderação de comentários. Não gostei da experiência.

Num blog, para além de outros aspectos, aprecio a visualização imediata do comentário que se produz.
Claro que podem surgir comentários malcriados, ofensivos, insultuosos, etc., quer para o próprio dono do blog, quer para terceiros. Pois podem... Esses ficarão expostos ao escrutínio geral até que o dono do blog, logo que os veja e no exercício da sua autoridade, decida da sua eliminação, ou não.
Parece-me, esta, uma prática mais saudável que a da moderação, já que não se trata de uma censura prévia. O comentário estará visível pelo menos até que o dono do blog o veja. Nunca se poderá levantar a suspeita sobre se alguns comentários não são publicados e sabe-se quais os que foram eliminados.
Como será óbvio, trata-se de um sistema que acarreta um maior nível de responsabilidade ao dono do blog. Não se pode esquecer que o blogger é sempre corresponsável – pela sua condição – por todos os comentários publicados: mantê-los sem lhes fazer qualquer crítica, implica, no mínimo, a não oposição ao respectivo conteúdo.
É por esta razão que, com alguma frequência, elimino comentários publicados.
Também há outras ocasiões em que não os apago, preferindo demarcar-me, sem tibiezas, do comentário.
E também há casos em que obrigo o comentador ofensivo a mudar de IP...

Por fim, quero deixar claro que má criação não é dizer palavrões…

4 de março de 2007

Sarau 2007

O Sarau Anual da Escola Secundária Felismina Alcântara não carece de apresentação.
A edição deste ano terá sido uma das mais bem conseguidas.
Fica aqui uma gotinha do seu perfume.

1 de março de 2007

Suspensão de mandato


Se fosse em Mangualde... e se o vereador tivesse outro nome... não era assim.
Ai não era, não!