23 de março de 2007

A insustentável atracção do "novo"

Em algumas das diversas conversas que tenho tido sobre a proposta de Carta Educativa, surgiu, como crítica, a falta de previsão da construção de novos edifícios.
Compreendo a crítica: é a atracção do “novo”; é o imediatismo do o que é novo é melhor. Compreendo.
Compreendo… mas não concordo!
De facto, o que nos deve preocupar são as efectivas condições para a aprendizagem das crianças. Se não for possível conseguir as desejáveis condições requalificando e ampliando o edificado, pois que se construa de raiz. É o que acontece na Freguesia de Fornos de Maceira Dão, onde, por impossibilidade de ampliação de qualquer das estruturas actuais, se preconiza a construção de um novo edifício.

É preciso perceber que a opção pela construção de novos edifícios implica despesas acrescidas. Desde logo, ao nível da própria construção em si mesma. Uma coisa é reconstruir, ampliar e requalificar, com base em projectos e cadernos de encargos exigentes, e outra é construir tudo de novo. A diferença de custos é enorme. E nem sequer estou a incluir o valor dos terrenos…
Vejamos, por exemplo, o caso do 1º Ciclo na Cidade de Mangualde:
São 439 alunos em 20 turmas, distribuídas pelo Colégio e pela Carvalha.
Quanto custaria construir uma escola nova para estas 20 turmas? Meio milhão de contos? E o terreno?
Há quem diga que o QREN vai disponibilizar verbas. Fala-se em comparticipações que poderão atingir os 75%. Fala-se… mas nada está definido. Mas, ainda que esta hipótese se venha a confirmar, ainda faltarão os restantes 25% que continuam a ser muito dinheiro.

Mas há outra questão:
Nessa situação, o que iria acontecer aos edifícios abandonados?
Vendem-se?
Vende-se a escola da Carvalha?
Não me parece. Já apareceram compradores para outras escolas, entretanto encerradas, bem menos emblemáticas que esta e… as populações sempre se opuseram…

Então?
Ficam ao abandono degradando-se inexoravelmente?
Também não me parece…

Ou seja, a construção de novos edifícios não evita despesas de conservação das escolas encerradas. É o que tem vindo a acontecer pelo concelho fora.
Isto é, construir novos edifícios implica duas despesas: construir os novos e manter os velhos!!!

E assim volto ao princípio:
O que interessa é criar todas as condições para que os nossos alunos possam realizar aprendizagens com qualidade. Se isso for compatível com a requalificação do edificado, tanto melhor.

Como exercício intelectual, imagine-se o que representaria requalificar o edifício principal do Colégio mantendo-o ao serviço daquilo que fez a sua história: a Educação…

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