29 de abril de 2008

Inauguração

Temos visto, na televisão e nos jornais, anúncios de medidas e obras, por todo o país, que se repetem uma, duas e até três vezes, até serem efectivadas. É uma das especialidades deste governo: o anúncio do anunciado como se nunca o tivese sido.
Acho mal!
Acho mal e espero que este fenómeno não venha a ocorrer com a Barragem de Girabolhos Abrunhosa do Mato.
Ora, como neste blog a barragem já está construída, não precisa de mais anúncios e, para o evitar, o melhor mesmo é dar notícia da inauguração.
Papa_GirabolhosNão me lembro do nome daquele senhor de branco que está ao lado do "obscuro professor", mas "a fotografia existe mesmo".

25 de abril de 2008

Barragem

Chegou acolitado pelos seus inúmeros lugar-tenentes. Apeou-se, firmou o olhar e observou o Monte de Girabolhos, o Mondego lá ao fundo e a Póvoa da Rainha na linha do horizonte. Olhou uma vez mais para um lado e para o outro e, peremptoriamente, disse:
- O paredão será mesmo aqui, entre este ponto e aquele ali! A cota máxima será por além! Avancem com a construção! Ah, não se esqueçam de meter a água! Vamos embora. Está feito!

E está mesmo!

24 de abril de 2008

O fotógrafo estava lá

Ia a meio a cerimónia de lançamento do concurso público da construção da Barragem de Girabolhos Póvoa da Rainha Abrunhosa do Mato quando sucedeu o insólito: irrompeu pela sala o assim denominado "vereador de Viseu" munido de uma câmara fotográfica.

Mas então onde é que está o insólito?
É que a máquina não era para fotografar, mas para ser fotografado!

21 de abril de 2008

IC12 e amnésia selectiva

A amnésia selectiva é uma faculdade muito curiosa. Permite esquecer completamente determinados factos e lembrar outros. Vejamos, por exemplo, o caso do IC 12:
Aqueles que são dotados de amnésia selectiva esqueceram que Aníbal Cavaco Silva, quando saiu do governo em 1995, deixou a obra com o concurso a decorrer; esqueceram que tinha outro traçado (já teve vários) e que não era portajada; esqueceram que esse concurso foi anulado pelo governo de António Guterres; esqueceram que o Partido Socialista era, então, abertamente contra a chamada, “política do betão”; esqueceram que a substituíram, na altura, pela política do “as pessoas estão primeiro” (que tão espectaculares resultados deu).
É por isso que a amnésia selectiva lhes é importante: esquecem os factos inconvenientes. Esquecem que o IC12 já podia estar construído desde 1997 e que só não o está porque o Partido Socialista anulou o concurso.
Ora, como esquecem, até podem lançar o concurso agora fazendo de conta que é a primeira vez; fazendo de conta que são os “salvadores da pátria”, quando são, afinal, os primeiros responsáveis pelo atraso de 11 anos.
Pela minha parte, embora não tenha esquecido estas coisas, fico satisfeito com o anúncio da abertura do concurso para a concessão. Vale mais tarde que nunca!
Percebo isto tudo e fico satisfeito.
Só não percebo porque é que, estando lá tantos fotógrafos, o jornal Zurara teve de ilustrar a cerimónia da abertura do concurso do IC12, em Mortágua, com uma foto tirada na Martifer em Oliveira de Frades…
Deve haver alguma razão, ai isso deve, mas escapa-se-me.

20 de abril de 2008

15 de abril de 2008

Destruição

Depois de, há umas semanas, ter sido destruída uma bela e típica garagem...

... chegou agora a vez da sólida moradia com arquitectura de fino traço que ladeia a ex-futura (ou futura-ex) "Travessa do Hospital Velho", igualmente em processo de destruição, mesmo em frente do Lar da Misericórdia.

(entretanto, continua a processar-se a destruição inexorável e meticulosa da Rua Azurara da Beira)

13 de abril de 2008

7 de abril de 2008

Serviço público

(de alfabetização)

Em democracia não são exigidas especiais competências aos políticos. Para ascender a essa condição apenas basta aos interessados que agradem aos eleitores. Que sejam simpáticos, por exemplo. Ou, então, que lhes prometam a resolução imediata de todos os seus problemas e JÁ. Ou, de uma forma mais geral, que digam às pessoas aquilo que elas querem ouvir, independentemente da necessária (im)possibilidade de concretização. (e digo isto com enorme desencanto)
Isto é, não são exigidas especiais qualificações a um político, seja ele primeiro-ministro, presidente de câmara ou vereador. É por isso que não existem, sequer, cursos que acreditem políticos. Nem mesmo neste nosso Portugal, onde têm tido muita publicidade visibilidade as “Novas Oportunidades” com o seu sistema de RVCC (Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências).
Assim sendo, as competências que um homem leva para o desempenho de um cargo político para o qual foi eleito pelo povo, são exactamente aquelas que já detinha no instante imediatamente anterior ao da eleição. Nenhuma transformação acontece no homem. Continua a ser o mesmo homem, uno e indivisível.
Desta forma, chamar incompetente a um político é dizer que o homem é incompetente. Não se pode distinguir um do outro.
Coisa diferente é acusar o político de errar. E, efectivamente, os políticos podem errar e, quando erram, podem – devem – ser acusados disso mesmo. Os políticos podem errar quando desempenham a sua função, aquela para a qual foram eleitos: a de decidir. De facto, os políticos não “fazem”. Não projectam, não calcetam e também não levantam e põem lancis para alargar passeios. Não. Os políticos, apoiados em estudos elaborados por técnicos – aos quais, a esses sim, são exigidas competências – tendo em conta o que julgam ser o interesse público, tomam decisões, as quais podem levar à elaboração de projectos e, finalmente, à execução de medidas. É claro que ao longo deste processo podem acontecer diversos percalços: os dados iniciais podem ser incorrectos, o interesse público pode ser mal avaliado, os projectos podem conter erros, os executantes podem não ser dos melhores... enfim…
Dir-se-á que, em última análise, fica a responsabilidade política. Talvez sim, talvez exista essa coisa. Mas responsabilidade política é uma coisa e incompetência é outra bem diferente.

Já agora, para concluir:
Diego Armando Maradona não era competente. Era um super craque da bola! Brigitte Bardot não era competente. Era muito boa! Pablo Picasso não era competente. Era um artista! E John Lennon não era competente. Também era um artista!