15 de junho de 2009

O caminho do Coval

A decisão de abandonar a política, ou, mais exactamente, de deixar de ter actividade político-partidária, priva-me, naturalmente, do conhecimento atempado de muitos dos epifenómenos que ocorrem na nossa terra, mas não me veio a retirar qualquer direito de cidadania. Continuarei, portanto, a pensar; a pensar a “polis”; e, nesta linha, a manter este “Pensar Mangualde”, onde venho dando conta daquilo que vai acontecendo na “polis”, quedando-me, por vezes, no simples registo fotográfico, mas, quase sempre, tomando posição – favorável ou não – quanto ao referenciado no post.
Assim aconteceu no artigo anterior, onde exprimi discordância quanto à opção de pavimentação do caminho do Coval, em detrimento de outros que considero prioritários, opinião que logo veio a ser secundada por alguns comentadores.
De imediato se afobou o senhor mocho (?) – naquele estilo sofrido, rasteiro e pessoalizado – para dizer que se tratava de um ataque ao Presidente da Junta de Freguesia de Quintela de Azurara, já que a escolha daquele caminho teria sido sua opção individual no âmbito de uma candidatura ao Programa Agris.
Ora, tal como então escrevi, não fazia qualquer ideia da “paternidade” da iniciativa. Nem isso me interessa. Nem isso deve interessar alguém. O que interessa são as ideias, as opções e as estratégias, e não as pessoas que as têm ou que as executam. Nunca personalizo nada, nunca mesmo, excepção feita a José Sócrates, por personificar um estilo de “fazer” política que está nos antípodas dos princípios que aprecio.
Acontece que nunca me passou pela cabeça que o tapete do caminho do Coval fosse uma obra enquadrável no Agris. Ligava o Agris à Agricultura e, não vendo por ali, desde a estrada de Quintela até ao Coval, qualquer exploração agrícola, nem sequer me ocorreu essa hipótese, pelo que, nas minhas cogitações, nunca entrou a Junta de Freguesia de Quintela, nem o respectivo presidente, nem, muito menos, o fato do senhor ser, ou não ser, homem fiel (esta, então, não lembraria ao diabo).
O que me ocorreu, vou dizê-lo, foi que se tratasse de obra da Câmara Municipal de Mangualde com vista a qualquer coisa ligada aos Moinhos do Coval…
E que fosse! Ainda que tivesse a certeza, não mudaria uma única vírgula na minha crítica.
De todo o modo, o escrito do senhor mocho veio clarificar a questão.
E mais: ao tomar conhecimento de outras estradas pagas pelo Agris, percebi que o programa extravasa muito da relação com a agricultura e aquilatei do seu verdadeiro alcance.
Contudo, essa melhor percepção ainda veio, afinal, dar maior fundamento à minha crítica inicial. Vejamos dois dos casos:
Ligação Relógio-Velho – Cubos: liga uma zona habitacional a outra zona habitacional.
Ligação Fornos – Vila Garcia: liga uma zona habitacional a outra zona habitacional.
Ou seja, estes dois exemplos vêm mostrar que o Agris permite pavimentar troços entre aglomerados habitacionais, incluindo zonas urbanizadas consolidadas, desde que a largura da plataforma não ultrapasse os 5 metros (e, já agora, a minha rua não tem mais de 6).
Ora, assim sendo, teria pleno cabimento no dito Agris a pavimentação entre o Bairro da Fontinha (zona habitacional) e o Bairro Senhora do Castelo – Colónias (outra zona habitacional).
E, insisto, essa opção serviria mais, mas mesmo muito mais, pessoas.

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