7 de abril de 2008

Serviço público

(de alfabetização)

Em democracia não são exigidas especiais competências aos políticos. Para ascender a essa condição apenas basta aos interessados que agradem aos eleitores. Que sejam simpáticos, por exemplo. Ou, então, que lhes prometam a resolução imediata de todos os seus problemas e JÁ. Ou, de uma forma mais geral, que digam às pessoas aquilo que elas querem ouvir, independentemente da necessária (im)possibilidade de concretização. (e digo isto com enorme desencanto)
Isto é, não são exigidas especiais qualificações a um político, seja ele primeiro-ministro, presidente de câmara ou vereador. É por isso que não existem, sequer, cursos que acreditem políticos. Nem mesmo neste nosso Portugal, onde têm tido muita publicidade visibilidade as “Novas Oportunidades” com o seu sistema de RVCC (Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências).
Assim sendo, as competências que um homem leva para o desempenho de um cargo político para o qual foi eleito pelo povo, são exactamente aquelas que já detinha no instante imediatamente anterior ao da eleição. Nenhuma transformação acontece no homem. Continua a ser o mesmo homem, uno e indivisível.
Desta forma, chamar incompetente a um político é dizer que o homem é incompetente. Não se pode distinguir um do outro.
Coisa diferente é acusar o político de errar. E, efectivamente, os políticos podem errar e, quando erram, podem – devem – ser acusados disso mesmo. Os políticos podem errar quando desempenham a sua função, aquela para a qual foram eleitos: a de decidir. De facto, os políticos não “fazem”. Não projectam, não calcetam e também não levantam e põem lancis para alargar passeios. Não. Os políticos, apoiados em estudos elaborados por técnicos – aos quais, a esses sim, são exigidas competências – tendo em conta o que julgam ser o interesse público, tomam decisões, as quais podem levar à elaboração de projectos e, finalmente, à execução de medidas. É claro que ao longo deste processo podem acontecer diversos percalços: os dados iniciais podem ser incorrectos, o interesse público pode ser mal avaliado, os projectos podem conter erros, os executantes podem não ser dos melhores... enfim…
Dir-se-á que, em última análise, fica a responsabilidade política. Talvez sim, talvez exista essa coisa. Mas responsabilidade política é uma coisa e incompetência é outra bem diferente.

Já agora, para concluir:
Diego Armando Maradona não era competente. Era um super craque da bola! Brigitte Bardot não era competente. Era muito boa! Pablo Picasso não era competente. Era um artista! E John Lennon não era competente. Também era um artista!

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