19 de julho de 2009

Obra desenganada

Li no Renascimento que as Juntas de Freguesia de Mesquitela e Cunha Baixa, tendo, em devido tempo, apresentado candidaturas ao programa AGRIS para financiamento da beneficiação de caminhos, foram notificadas da necessária aprovação no passado dia 5 de Junho, uma sexta-feira. Segundo o mesmo jornal, a data limite para apresentação das facturas das obras era 8 de Junho, isto é, a segunda-feira seguinte à notificação. Assim, com prazo tão curto – escassas 72 horas – as duas Juntas de Freguesia não conseguiram realizar as obras.
Pensei na altura: Ora bolas! Se os burocratas que analisaram estas candidaturas tivessem sido tão lestos como foram nas outras, teria sido possível dar mais tempo e também estas fariam os seus caminhos. Que chatice…
Só que, ontem, na minha tertúlia, garantiram-me que todas as Juntas de Freguesia candidatas foram notificadas na mesma data e com o mesmo prazo. E que várias conseguiram fazer as obras e apresentar as facturas na aprazada segunda-feira. Eia lá!
É claro que duvidei. Duvidei e continuo a duvidar. É um prazo muito curto e, ainda para mais, mete Sábado e Domingo de permeio.
É certo que teriam os projectos todos prontinhos à espera da ordem para avançar, mas, mesmo assim, teriam sempre de: (1) seleccionar a empresa construtora de acordo com as regras da contratação pública, (2) adjudicar a obra, (3) assinar o respectivo contrato, (4) mandar avançar a empresa, (5) realizar a obra propriamente dita (o asfaltamento do caminho) e, finalmente, (6) receber as facturas dos trabalhos. E tudo isto dentro das escassas 72 horas do prazo.
Ora, como se reconhecerá, não sendo de todo impossível, isto é muito, mas mesmo muito, difícil. É, como costumo dizer, obra desenganada!
Por isso, se acaso foi mesmo assim, é com sentido entusiasmo que dou os parabéns a todos os que não se intimidaram perante o gigantismo da tarefa e conseguiram realizar esta rara proeza.
Parabéns!

(mas, como disse, duvidei e continuo a duvidar)

Sem comentários: