11 de outubro de 2007

Sarau - 3.º acto: Parcerias

Quando ontem alvitrei um sarau, estava longe de pensar que no dia seguinte aí estaria ele em todo o seu esplendor. Mas está. Vai haver em Mangualde um “fórum” para discutir parcerias público-privadas.
Fora de tempo!
Fora de tempo porque não faz sentido discutir algo, passado que foi o momento da decisão. Ora, neste caso, o momento da decisão já ocorreu. Foi o momento do voto. Do voto contra. Contra o estabelecimento de uma parceria público-privada em Mangualde. Contra a realização de muitas e muitas obras fundamentais. Foi o momento em que se disse que uma parceria, com o inevitável contrato a longo prazo, era um “leilão” do concelho, um “cheque em branco” e uma “hipoteca” do futuro.
Acontece que esse momento, aliás histórico, já passou.
Já foi e já não volta!
Toda a gente sabe como foi e porque foi.
E, assim sendo, que sentido faz ir agora debater parcerias?
Pois claro. Não faz sentido nenhum!

Mas antevejo um outro problema:
Quer parecer-me que não vai ser fácil encontrar “economistas, ex. autarcas e autarcas” que venham corroborar a posição contra as parcerias. Duvido muito que existam por aí com abundância. Então autarcas, duvido imenso. Todos os que conheço são favoráveis ao estabelecimento de parcerias público-privadas. A não ser que sejam autarcas na oposição. E esses, se conquistassem o poder, logo inverteriam a sua posição. A bem dizer, para além dos 4 vereadores que votaram contra, apenas conheço uma pessoa que é genuinamente contra as parcerias. Pode ser que haja mais, mas...
É por isso que antevejo curiosas conclusões dos aturados trabalhos do aprazado debate…

É claro que irão aparecer aqueles que dirão que são favoráveis às parcerias, a todas as parcerias, excepto a uma. Aquela que, por uma insólita coincidência, foi proposta para Mangualde. Uma pontaria dos diabos! São favoráveis a todas, até lhes agrada o modelo, mas esta... esta é que não. Até poderia ser boa. Mas a forma como foi apresentada...
Só que essa lógica não terá "pernas para andar". É que quando se concorda genericamente com uma determinada solução e se tem dúvidas num caso concreto, manda a prudência que o sentido de voto seja o da abstenção: “Agrada-me o modelo... mas... como tenho dúvidas aqui e ali …”. Ora, votando contra, lá se vai o argumento e a malta logo percebe o logro.

Eu, quando asneio – mesmo quando apenas sou politicamente responsável – retrato-me com toda a humildade. Assumo! Acho mais bonito!

Ah!
Para ouvir o “Ti Zé e a Ti Maria” – duvido que eles vão ao sarau – continuo a preferir o referendo. Campanha pelo “Sim”. Campanha pelo “Não”. Ganha quem tiver mais votos.
Simples e, mais que democrático, “participativo”.

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