17 de julho de 2011

Live Beach - uma opinião

A praia de Mangualde, a Live Beach, não deixa ninguém indiferente. Na cidade ou no país, não há quem dela não fale, quem não formule uma opinião.

Uma coisa é certa: Mangualde "ficou no mapa"!

E para o confirmar, basta reparar nas inúmeras reportagens que, sobre a Live Beach, têm passado nos vários canais de TV.

Pois também eu tenho uma opinião sobre a praia. Opinião que se funda no que tenho observado e nas duas visitas que já lá fiz, ambas noturnas; de dia, só vi de fora.

Da primeira vez estava uma noite espetacular. A primeira impressão foi muito favorável, com aquele "batalhão" de seguranças e a revista à entrada, apesar de ser "à borla"; muito bem! A esplanada central estava cheia. Tão cheia que tivemos de nos sentar à volta de uma mesa lambuzada, onde tinham ficado as garrafas e os copos dos clientes anteriores. Lamentavelmente, não havia, como é quase obrigatório neste tipo de espaços coletivos, um serviço de limpeza de mesas e pavimento. Tomado o café, fomos passear até à borda de água, podendo apreciar as diversas valências e recursos. Ficou a ideia de que o "mar" era pequeno para a extensão do areal, mas de que estava ali um espaço agradável. Regressados à esplanada para saborear uma bebida, vimos gorados os nossos intentos: o sistema informático tinha "crashado" - o que pode acontecer a qualquer um - e não havia forma de ler o código dos cartões de consumo. Assim, "a seco", ficámos por ali a tentar conversar. E digo tentar porque, de facto, não se conseguia. Os muitos decibéis que emanavam do palco e ecoavam nos painéis, para mais distorcendo o som original, tornavam impossível a conversação.

Na segunda vez não terei lá estado mais de um quarto de hora. Corria um vento gélido que me espantou, com os amigos, para um lugar mais aconchegado.

Resumindo: A Live Beach, à noite, não foi concebida para mim nem para os tipos que têm gostos parecidos com os meus.

Todavia, não é o facto de não me encontrar dentro do público-alvo que me pode levar a criticar a iniciativa. Pelo contrário, entendo que se trata de algo que nada prejudica a cidade e o concelho, e que, se tiver consequências, estas serão sempre positivas, quanto mais não seja, pela visibilidade que nos dá. Mas não se podem esquecer os postos de trabalho criados, ainda que sazonais, bem como o novo recurso de que passámos a dispor.

A questão que coloco é outra. É: “e por quanto tempo?”. Ou, de outro modo, o investimento realizado é rentável? O investidor vai conseguir recuperar o capital com lucro?

Penso que não.

E, neste meu raciocínio, entro com a média de 2.500 visitantes diários, número avançado e sucessivamente repetido durante a fase de apresentação e arranque do projeto.

A foto que está lá em cima foi feita hoje, Domingo, 17 de Julho, pelas 16H30 e mostra – e bem – o parque de estacionamento. Quem quiser ter o trabalho pode contar os automóveis. Pode clicar na foto para a ver em formato grande - use a lupa - e contar os carros. Chegará a um número na ordem dos 190. Se formos generosos, poderemos concluir que estariam na praia, vá lá, 800 pessoas, mais 100, menos 100. Portanto, um número muito distante da estimativa do estudo económico. Pior ainda porque era Domingo e o tempo estava bom. E, se é certo que ao Sábado podemos esperar números semelhantes, o mesmo não se passará durante a semana. Ou seja, mesmo sendo generosos, teremos de concluir que a média diária não andará acima dos 400 visitantes, logo muito longe dos míticos 2.500 e ainda bem distantes dos 1.500 que, mais recentemente, vi propagandeados na TV por um dos responsáveis. E nem os espetáculos musicais – o do Tony Carreira foi, reconhecidamente, um flop – vêm melhorar significativamente estes números.

Nesta conformidade, a pergunta surge imediata: “Dá para pagar as despesas e recuperar o investimento?”

Ora, depois de ver toda a gente que lá trabalha, tenho dúvidas; tenho muitas dúvidas…

Outra questão que vulgarmente se coloca é sobre a participação do Município. Será que, se a coisa “der para o torto”, o Município fica mal?

Penso que não. Penso que a Câmara Municipal terá feito um investimento de valor modesto e que, ainda que o investidor abandone, as infraestruturas ficarão sempre. Ou seja, a autarquia tem a sua participação acautelada, tendo feito uma aposta sem riscos ao apoiar o projeto.

E é assim. Lá para o fim da “época balnear” voltarei ao tema.